Você já percebeu uma pequena “pelinha” rosada ou esbranquiçada aparecendo no canto interno do olho do seu pet? Essa estrutura é chamada de terceira pálpebra, ou membrana nictitante, e é uma parte normal e essencial da anatomia ocular de cães e gatos.
Apesar de muitas vezes passar despercebida, ela desempenha funções protetoras e imunológicas fundamentais, sendo responsável por parte significativa da produção lacrimal e pela defesa do olho contra agentes externos.
Compreender sua anatomia e funcionamento ajuda o tutor a reconhecer quando há algo errado e a buscar avaliação veterinária o quanto antes.
Anatomia da terceira pálpebra
Fonte imagem: Olhos dos animais domésticos: você sabe qual a função das pálpebras?
A terceira pálpebra é uma dobra de tecido conjuntivo recoberta por mucosa, localizada no canto medial do olho (próximo ao focinho).
Em seu interior existe uma cartilagem em forma de T, que dá sustentação à estrutura, e uma glândula lacrimal acessória, chamada glândula da terceira pálpebra.
Essa glândula é responsável por produzir de 30% a 40% da fase aquosa da lágrima — informação amplamente documentada em obras de referência como Gelatt’s Veterinary Ophthalmology (Wiley, 2013).
Além disso, a terceira pálpebra contém tecido linfóide associado à mucosa ocular, conhecido como MALT (Mucosa-Associated Lymphoid Tissue), que atua na imunoproteção da superfície ocular, ajudando a combater microrganismos e corpos estranhos.
Funções da terceira pálpebra
- Lubrificação: distribui a lágrima de forma uniforme sobre a córnea, mantendo-a hidratada.
- Proteção mecânica: funciona como um “limpador” natural, removendo poeira e pequenas partículas.
- Defesa imunológica: as células linfóides presentes atuam contra agentes infecciosos.
- Produção lacrimal complementar: a glândula da terceira pálpebra participa ativamente da manutenção da película lacrimal, essencial para a saúde da córnea.
Durante o sono ou situações de irritação ocular, essa estrutura se projeta parcialmente, ajudando a preservar o olho de traumas e ressecamento.
Quando a terceira pálpebra fica aparente
Em condições normais, a membrana nictitante é pouco visível.
Porém, quando o tutor percebe uma parte avermelhada ou elevada no canto interno do olho, é sinal de que algo pode estar alterado.
As principais causas incluem:
- Prolapso da glândula da terceira pálpebra (conhecido como “olho de cereja”), mais comum em raças como Cocker Spaniel e Bulldog;
- Inflamação ou infecção ocular, que causa edema e protrusão da membrana;
- Desidratação, emagrecimento acentuado ou dor, que podem causar retração do globo ocular e evidenciar a terceira pálpebra;
- Condições neurológicas, como a síndrome de Horner, que alteram o tônus muscular da pálpebra;
- Doenças sistêmicas em gatos, como viroses ou estados febris, que frequentemente fazem a terceira pálpebra se projetar em ambos os olhos.
Diagnóstico e conduta clínica
A avaliação oftálmica inclui testes específicos, como:
- Teste de Schirmer, que mede a produção de lágrima;
- Tonometria, para avaliar a pressão intraocular;
- Coloração com fluoresceína, para detectar lesões de córnea;
- Exame de fundo de olho (fundoscopia), quando indicado.
Em casos de prolapso da glândula, o tratamento é cirúrgico, mas o procedimento não deve remover a glândula, e sim reposicioná-la — prática conhecida como técnica de Morgan. A remoção dessa glândula compromete a produção lacrimal, predispondo o animal à ceratoconjuntivite seca (olho seco), condição crônica e irreversível.
Prevenção e cuidados
Embora nem todos os problemas da terceira pálpebra possam ser prevenidos, é possível reduzir riscos com medidas simples:
- Evite que o pet brinque em ambientes com poeira ou produtos químicos;
- Observe alterações súbitas nos olhos, como vermelhidão, secreção ou saliência no canto interno;
- Realize avaliações oftálmicas periódicas, especialmente em raças predispostas.
O diagnóstico precoce é a melhor forma de proteger a visão e evitar sequelas.
A terceira pálpebra é uma estrutura pequena, mas de importância vital para a proteção, lubrificação e imunidade ocular dos cães e gatos. Alterações nessa região nunca devem ser ignoradas, pois podem indicar doenças oculares ou sistêmicas.
Com avaliação oftálmica cuidadosa e tratamento adequado, é possível garantir conforto e preservar a visão por toda a vida do pet.
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